Há algum tempo estive em Santa Luzia e chamou-me a atenção uma placa indicativa com os dizeres: Centro Histórico. Embora estivesse a serviço e o cansaço após o expediente convidasse a tomar um banho e descansar, não pude deixar de seguir aquela indicação e conhecer a história que aquela cidade tinha pra me contar. Uma bela história que eu não conheceria se não fosse aquela placa.
Pois bem: começa a germinar na cidade um movimento que pretende lembrar aos monlevadenses mais antigos, aos que chegaram há pouco tempo e aos que chegarão ou estão de passagem, que temos uma história e que ela merece ser visitada e preservada. Estou falando do movimento que propõe alterar o nome do Centro Industrial para Centro Histórico e que vem ganhando o apoio e a simpatia de algumas pessoas, preocupadas com o abandono e com o desconhecimento que até os próprios monlevadenses têm do local onde foi erguida a primeira cidade operária do Brasil, elevada a distrito do município de Rio Piracicaba em 27 de dezembro de 1948. Construída pela Cia Siderúrgica Belgo Mineira, com toda a estrutura para abrigar os trabalhadores que para cá vieram, de várias partes do país, João Monlevade acabou desenvolvendo o seu comércio fora dos limites das propriedades da Belgo, dando origem ao movimentado centro comercial que é hoje Carneirinhos.
Essa expansão acabou por isolar a comunidade que deu origem à nossa cidade, que ao longo do Rio Piracicaba abriga alguns espaços que merecem ser visitados e admirados, como a Fazenda Solar, construída nas primeiras décadas de 1800, da Igreja de São José dos Operários, símbolo da cidade, projetada pelo arquiteto Iaro Burian, cuja forma de V (Vereda, Verdade e Vida) faz alusão à Vitória dos aliados na 2ª Guerra Mundial; do Cemitério Histórico, em frente ao Social Clube, local onde estão sepultados Jean Monlevade, Louis Ensch e alguns escravos; da Gruta de Nossa Sra. de Lourdes, do Centro de Educação Ambiental (CEAM), área de preservação da mata atlântica, e da Escola Estadual Santana, que guarda uma imagem de Sant’Ana, em tamanho natural, esculpida em madeira.
Em momento algum, acredito, alguém chegará a uma cidade e terá a curiosidade de conhecer o seu Centro Industrial. Seu Centro Histórico, porém, já é um convite à visitação. E para que a memória da nossa cidade, ou o que dela restou seja valorizada e admirada, essa mudança de nome se faz necessária. Só lamento, e quase que todos os dias, quando vejo fotos daquela Monlevade demolida, que ninguém na época tenha lutado pelo tombamento daquele conjunto arquitetônico ímpar, que nunca poderia ter ido ao chão. Portanto, para que possamos mostrar, preservar e nos lembrar do que restou da nossa história, responda à enquete: Você é a favor de alterar o nome do Centro Industrial para Centro Histórico? O resultado darei no dia 17 de junho.
Tenha uma ótima noite, repleta de boas lembranças.
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