Diversos meios de comunicação tem abordado, com freqüência, a questão do consumo de bebida alcoólica por jovens cada dia mais jovens. Em Monlevade não é diferente. Hoje, mais que em outros tempos, as festas multiplicam-se na cidade, com ingresso a preço acessível e bebida liberada. Normalmente são festas com 8 horas de duração, que tem início às 14 horas e término às 22 horas. Acontecem em repúblicas estudantis e espaços para realização de eventos, que oferecem, cada uma à sua moda, um tipo de bebida colorida e adocicada, misturada a outra destilada, quase sempre vodka. São festas alegres, com música ao vivo, muita bebedeira e descontração.
Monlevade é, hoje, um pólo acadêmico, com Universidade Federal, Estadual e Faculdades Particulares, que trouxeram um grande número de jovens que residem em repúblicas, pensões, quitinetes e outras formas de moradia, longe da família e com total controle da própria vida.
E o quê Monlevade tem a oferecer a esses jovens como opção de lazer e diversão? As faculdades e universidades possuem, sim, núcleos artísticos, já em atividade ou ainda em formação. Existem também alguns programas de iniciação artística na iniciativa privada e pública, mas com vagas limitadas e, muitas vezes, sem grande divulgação. No esporte, ainda não há um programa para formação de atletas universitários, para competições universitárias. Não temos um cinema, um shopping, uma área de lazer pública, um espaço gratuito para práticas esportivas como natação, futebol, vôlei e outros espaços de convivência. Os shows musicais são raros e contemplam quase que somente o estilo sertanejo, em detrimento do rock, MPB e outros também apreciados e desejados pela grande maioria dos estudantes. Peças teatrais são raras, com apresentações únicas e público limitado. Resta, então, que tipo de diversão para esses universitários em nossa cidade?
Festa, sem bebida alcoólica, raramente acontece e, se acontece, tem rápida duração.
Episódio lamentável ocorreu no último final de semana, envolvendo uma festa de república e uma família vizinha a ela, que culminou no falecimento de um senhor. Há de se colocar a culpa em quem? Nos ânimos exaltados por culpa do álcool?
No Brasil, a lei considera que somente aos 18 anos de idade o jovem tem a necessária maturidade para ingerir bebidas alcoólicas com responsabilidade, sem prejuízo ao seu bom desenvolvimento. No Japão, “a iniciação ao alcoolismo” é autorizada aos 20 e nos Estados Unidos aos 21 anos. Mas o consumo de bebida em excesso, como vem ocorrendo em todas as festas e eventos, independente da idade que se tenha, causa grande mal à saúde e altera, muitas vezes para a forma agressiva, as atitudes comportamentais. Tecer aqui os malefícios da bebida, principalmente para aqueles que estão na vida acadêmica e que precisam de concentração, raciocínio, disposição, e dedicação, seria escrever artigo de uma página. Portanto, finalizo desejando que muita coisa possa mudar na nossa cidade, dentre elas: que os jovens que não vão se abster de beber, bebam com mais responsabilidade, evitando conflitos que provavelmente não aconteceriam se estivessem mais sóbrios. Que vizinhos dessas festas tenham tolerância com o ambiente alegre e descontraído que elas proporcionam, e que até delas participem, pois os jovens na nossa cidade não tem muito o quê fazer quando querem e precisam se divertir. Que as iniciativas privada e pública possam proporcionar melhores opções de divertimento a esses meninos, que tudo que mais querem, nos momentos de descanso das tarefas de todo estudante, é ser jovens e terem onde se reunir para uma boa diversão.
Lutécia Mafra Espeschit é Pedagoga, especialista em Orientação Educacional , formada no IES/FUNCEC, e licenciada em Saúde e Saneamento, pela PUC/RS.
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