Quando era menina, minha mãe não permitia que escolhêssemos comida. Tínhamos que comer de tudo, exceto jiló, que ela não nos obrigava. Ela dizia que a boa saúde só depende de uma ótima alimentação e que, quanto mais variada e colorida fosse a comida, mais dali ingeriríamos o necessário para suprir nossas necessidades de vitaminas, proteínas, carboidratos, etc. Isso incluía, portanto, as verduras, os legumes e algumas frutas, que não atraem muito as crianças de uma maneira geral. Crescemos, e minhas quatro irmãs nunca tiveram qualquer problema de saúde que causasse preocupação, provocasse uma internação ou acompanhamento médico. Só resfriados e fraturas. Eu tive uns problemas alérgicos, fungo no pulmão, grave, porém passageiro. Meu pai, com 81 anos, surpreende o médico quando faz seu periódico: nunca tem problema algum. Esbanja saúde e disposição para trabalhar na sua rotina doméstica, para fazer a sua musculação, natação e para se divertir.
Minha mãe não era nenhuma futuróloga mas estava certa. Aprendi, cursando habilitação em Saúde e Saneamento (PUC-RS), que nosso corpo precisa de alimentos e que estes precisam ser saudáveis para que ele também seja, afinal, “nós somos o que comemos”. O sistema responsável pela proteção da nossa saúde e pelo combate das doenças é a imunidade e para mantê-la em dia basta ter uma alimentação balanceada, que se resume numa alimentação variada. Portanto o segredo é comer o máximo de variações alimentares, sempre consumindo um pouco de cada grupo alimentar: carboidratos, vitaminas, sais minerais, fibras, proteínas e lipídios. Por isso, não podem ficar fora da nossa dieta peixes, frutos do mar, linhaça, soja, vegetais, frutas, ovo, leite e derivados, sempre observando a quantidade.
A promoção da saúde é considerada um instrumento conceitual, político e metodológico em torno do processo saúde/doença, que visa analisar e atuar sobre as condições críticas para melhorar as condições de saúde e qualidade de vida. O chamado “estilo de vida moderno” a que todos estamos sujeitos é o grande fator de risco à saúde já que, pela falta de tempo, nos leva a adquirir hábitos alimentares inadequados, ao sedentarismo, à obesidade, conjugados com o tabagismo e o alcoolismo, que compõem as principais causas para o desenvolvimento das doenças crônicas não transmissíveis. Acredito, portanto, que ações simples poderiam promover e muito a manutenção da saúde: acrescentar, no currículo escolar do ensino básico, junto com a educação física, a educação alimentar, passando a disciplina a se chamar “vida saudável”, para que cada um entenda, adquira e transmita bons hábitos da prática de exercícios físicos e da alimentação, conhecendo os alimentos, suas funções no corpo e sua importância, Assim, quem sabe, num futuro muito próximo, teremos, ao invés de médicos em abundância nos postos de atendimento públicos e privados, “orientadores alimentares e físicos”, atuando em diversos espaços de convivência e de práticas esportivas, transformando a medicina curativa em medicina preventiva, mais barata e muito mais eficaz? Seria somente uma inversão de valores: investir na saúde, não na doença.
Então, boa vida saudável pra todos.
Lutécia Mafra Espeschit é Pedagoga, especialista em Orientação Educacional (IES-FUNCEC) e habilitada em Saúde e Saneamento pela PUC-RS.
Concurso Literário
Há 14 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário