A Festa de Reis e a dos primos reunidos para as comemorações de fim de ano trazem-me muita saudade. Quando assisto a reportagens sobre essa tradição que ainda é mantida em várias cidades, emociono-me. Sinto uma alegria durante o relembrar e um aperto no coração pela saudade. Sou saudosista e gosto de reviver as tradições que fizeram parte da minha infância e da minha adolescência. Só lamento que hoje, aqui sentada e escrevendo, não esteja numa cidadezinha bem pequena, onde a Reisada está acontecendo. E para não perder totalmente a tradição, vou lá na sala desmanchar a árvore de Natal...
No dia 06 de janeiro comemora-se o dia de Reis, que na tradição cristã foi o dia em que os três reis magos levaram presentes a Jesus Cristo. O presente do rei Gaspar, da Índia, foi o incenso, como alusão à sua divindade. Baltazar saiu da África, levando mirra, um presente só ofertado aos profetas. Melchior ou Belchior partiu da Europa levando o ouro, que simbolizava a nobreza e era oferecido apenas aos deuses.
No Brasil, em muitas cidades, principalmente mineiras, acontece a Folia de Reis, ou Reisada. A Folia de Reis é uma festa religiosa, nascida em Portugal, onde, em meados do século XVII, tinha a principal finalidade de divertir o povo. Chegou ao Brasil no século XVII, passando a ter um caráter mais de religiosidade do que de diversão.
Quando menina, meu avô possuía uma chácara em Vianópolis, cidadezinha próxima a Betim, onde todos os anos passávamos férias. No período de 24 de dezembro a 6 de janeiro, dia de Reis, acontecia a Reisada, festa em que grupos de cantadores, violeiros e tocadores de pandeiro, sempre mascarados, muito enfeitados e carregando estandartes, passavam de porta em porta, entoando, com voz esganiçada e em dueto, versos relativos à visita dos Reis Magos ao Menino Jesus. Em cada casa, eram recebidos com alguma oferenda, que iam desde uma mesa farta de quitutes até uma simples xícara de café. Ao mesmo tempo em que tinha medo daqueles homens que dançavam em nossa direção, sacudindo os braços e balançando a cabeça, com aquelas máscaras estranhas, aguardava, todos os anos, aqueles dias de Folia. Eles passavam tarde da noite e, embora não muito religiosa e nem sempre de cara muito boa, minha avó oferecia alguma coisa ao grupo.
Meu avô é que era o fazedor de bolos, pudins e biscoitos fritos. Aquele bolo misto (massa feita com fubá e farinha de trigo – meio a meio) que ele fazia, saboreado à noite, depois de termos dormido e acordado com aquela cantoria, tem um gostinho inesquecível, que ainda posso apurar na memória.
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