Veja no YouTube

luteciaesp

segunda-feira, 24 de maio de 2010

AVE, GREVE DOS PROFESSORES!

No último dia 08 de abril, professores da rede estadual de ensino de Minas Gerais iniciaram mais uma greve, por tempo indeterminado, reivindicando para os docentes do Estado, ao menos o pagamento do Piso Nacional para a Docência, instituído pela Lei 11.738, de 16 de julho de 2008, que diz o seguinte em seu Art. 2o : “O piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica será de R$ 950,00 (novecentos e cinqüenta reais) mensais, para a formação em nível médio, na modalidade Normal, prevista no art. 62 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional”.

A principal reivindicação dos professores, segundo o Sindi-Ute, é a implementação do piso salarial (corrigido) de R$1.312,85, por uma jornada de trabalho de 24 horas semanais. Esse valor é reivindicado para os professores com nível médio de escolaridade. A remuneração base dos demais trabalhadores do ensino será calculada de acordo com a tabela dos planos de carreira. Outro motivo da greve, foi a proposta feita pelo Governo do Estado de conceder aumento linear de 10%, causando insatisfação principalmente nos professores com mais tempo de carreira.
Ouvi três mães comentando sobre a greve e sobre o absurdo dos alunos ficarem sem aulas, o dia inteiro em casa sem o que fazer (penso que poderiam aproveitar o tempo ocioso para revisar as matérias) e que isso, de acordo com uma, deveria ser proibido. Pois bem, talvez elas não soubessem (porque não tive como não me meter na conversa delas) que esse salário que os professores estão reivindicando, pelo qual vêm brigando (no sentido bom da briga), é, atualmente, o 8º pior salário da Federação e, comparados em um estudo da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), divulgado em dezembro de 2009 em Paris, o 3º pior salário de 38 países desenvolvidos e em desenvolvimento (aqui desconsiderados a maioria dos países da África e os mais pobres da Ásia).
Também não sabiam que, na Alemanha, um professor com a mesma experiência de um brasileiro, ganha, em média, US$ 30 mil por ano, mais de seis vezes a renda no Brasil. E que, no topo da carreira e após mais de 15 anos de ensino, um professor brasileiro pode chegar a ganhar US$ 10 mil por ano, 5 vezes menos que em Portugal, onde o salário anual chega a US$ 50 mil, equivalente aos salários pagos aos professores suíços. Na Argentina, país vizinho ao nosso, o salário de um professor é de US$ 9.857 por ano, o dobro do salário dos professores brasileiros.

A OIT (Organização Internacional do Trabalho) e a UNESCO dizem que o Brasil é um dos países com o maior número de alunos por classe (mais de 29 alunos) o que prejudica o ensino.  Na Dinamarca, por exemplo, a média é de 10 alunos por classe. O Brasil também foi criticado pela UNESCO, já que apenas 21,6% dos professores primários têm diploma universitário, contra 94% no Chile. Até nas Filipinas, que ficou à frente do Brasil no ranking de baixos salários para a docência, todos os professores são obrigados a ter diploma de ensino superior. Mas com os baixos salários oferecidos no Brasil, a carreira de professor vem sendo desestimulada entre os jovens e, aqueles que optam em seguir carreira e especializar-se com mestrado, doutorado, com alto nível de educação, acabam deixando a profissão em busca de melhores salários.

O Fundef – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, deveria redistribuir recursos a Estados e municípios de acordo com o número matrículas. Por lei, 60% da verba deve ser gasta com remuneração de professores. Será que essa prática vem sendo adotada? Nada encontrei em minha pesquisa sobre essa distribuição.
Portanto, com relação à greve dos Professores da Rede Estadual de Ensino, deixo aqui a minha solidariedade e o meu respeito a todos os professores que estão lá na praça reivindicando melhores condições de trabalho e salário, porque sei que, ao longo da história das conquistas trabalhistas, nada aconteceu sem luta. E, finalizando, cito uma máxima de Bertold Brecht:  “As margens do rio que tudo arrasta se diz violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o oprimem e o comprimem”. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário