Recebi, no Orkut depoimento de um amigo, jovem, que vem complementar o que escrevi sobre a Geração Ficantes e que passa a preocupar não só nós, que já passamos dos 30, 40, 50, 60, mas aqueles que ainda não chegaram à idade das balzaquianas. Com autorização do mesmo, transcrevo o que ele me enviou:
“Aqui, tô passando pra te falar outra coisa! Lutécia, não sei o que está acontecendo comigo, mas essas noitadas não estão me satisfazendo mais! Tipo, quase sempre, quando saio pra esses shows e festas, volto pra casa meio deprimido, meio vazio! Vejo o pessoal curtindo, se entregando aos instintos, e quase sempre tô me sentindo um peixe fora d´água! Sábado, por exemplo, só fui naquela calourada porque aqueles dois amigos me tiraram de casa! Mas ao vê-los saindo da festa, maldizendo a noite só porque não “comeram” ninguém, eu pensei comigo: a que nível de mediocridade nós chegamos? A noite transformou-se num safári, onde abriram a temporada de caça a qualquer fêmea que esteja disponível, qualquer uma que seja. Pode ser que eu esteja ficando doido, mas não sei porque, essas noitadas têm é me entristecido!”
Aí eu me pergunto e me respondo novamente: por que as pessoas, hoje, não têm empatia, nada exergam além do próprio umbigo? Por que, numa relação amorosa, a maioria prefere o beijo por beijo, sexo por sexo e abrem mão da relação de carinho, companheirismo, amizade, preocupar-se com o outro, cuidar do outro? E a resposta, sob o meu ponto de vista é: competitividade. Competitividade somente. Hoje, o sistema político e econômico globalizado vigente é o de “quem tem a boca maior, engole o outro”. E o ser humano, na essência, é mesmo competitivo. Mas ao longo da história da humanidade, fomos diferindo-nos dos animais, dos comportamentos mais atrelados ao instinto, criando regras e leis baseadas no senso comum, para permitir uma melhor convivência entre todos.
Hoje também me entristeço quando percebo que os mais novos estão “patrolando” todo mundo e perdendo um tempo bom da vida, que é o tempo em que semeamos as grandes amizades e vivemos os grandes amores. O uso excessivo da internet nos sites de relacionamento, no orkut, no msn e outros, vem transformando todos em amantes do “eu mesmo”. Estão abrindo mão do “ser humano”, e voltando a viver sob o comando dos instintos quando se encontram téte-à-téte. E, quando chega o dia seguinte a uma festa, lá estão todos sozinhos, sentados à frente de algum computador, relacionando-se com uma telinha, cheia de letras e imagens. O cheiro, o toque, a química, nada disso mais interessa a médio ou longo prazo. É tudo muito rápido, minutos que não interessa serem prolongados.
E a vida transcorre corrida, os minutos contados e todos abandonados. Ninguém mais tem tempo pra ninguém. Uma pena!
Nenhum comentário:
Postar um comentário