Há alguns meses criei, no site de relacionamento Facebook, um grupo voltado a sugestões e debates, chamado “Idéias para uma Monlevade melhor”, pois são muitos os desafios para que a cidade tenha uma ótima qualidade de vida e as boas idéias, acredito, são o norte para se encontrar o caminho das grandes realizações. Com todas as demandas que tem uma cidade como as do porte de Monlevade, fiquei surpresa com a unanimidade do desejo dos participantes dos debates do grupo: “mais cultura”. Acredito que esse clamor, na verdade, traduz-se em diversão e entretenimento, que é o que falta em nossa cidade. Cultura tem várias definições e ela pode ser religiosa, esportiva, folclórica, de subsistência, de massa, das tradições, intelectuais, morais, orais e tudo o que se faz presente e uma constância no dia-a-dia de uma comunidade, de um grupo, de um povo, e que o caracteriza, o iguala ou diferencia.
Somos uma cidade de tradição operária, religiosa, de educação de destaque, acolhedora, de muito trabalho, de bons artistas e de política polarizada. Temos bons bares e restaurantes, tradicionais e “sazonais”, alguns raros shows são realizados e muitas festas já se tornam tradição pela freqüência com vem acontecendo. Não somos uma cidade de tradição no ramo do entretenimento. Parece não haver interesse da iniciativa privada em “arriscar” nas produções de grande público. Embora haja projetos, ainda não temos um shopping, um teatro ou uma sala de cinema. Muito menos um parque ou um local onde se possa fazer um agradável passeio gratuitamente. Então, esse clamor é necessário, mas ao mesmo tempo injusto quando cobram essas realizações somente da administração municipal, seja qual seja o grupo político que administre a nossa cidade.
Os grandes eventos são deixados a cargo do poder público e esse, com todas as suas limitações orçamentárias, não tem deixado a desejar quando o assunto é cultura e entretenimento. Além dos inúmeros cursos que a Fundação Casa de Cultura oferece, fiz um levantamento de todos os apoios e eventos culturais realizados somente nesse ano, contabilizando trinta e seis, uma média de 3,6 eventos por mês. E, curiosamente, a maioria dos meus amigos do Facebook e outras pessoas que reclamam da falta de “cultura” na cidade , não comparece a nenhum desses eventos,
Estive presente em vários e dentre as realizações culturais “oficiais” de 2011, destaco o Pré Folia, o Aniversário da Cidade, o Festival de Artes Cênicas, o Encontro de Motociclistas, o Circo do Marcos Frota, a Caravana da Artesania, a adesão à Jornada Mineira do Patrimônio Cultural, a abertura do JEMG, o Festiaço, o Brincando na Praça, a Cavalgada (dois dias gratuitos), os investimentos do ICMS Cultural no Congado e Corporações Musicais, lançamento dos livros Portais e a trilogia Jairo, diversas palestras, como a “João Monlevade: caminho de riquezas” e, encerrando no dia 4 de novembro, as inscrições para o concurso fotográfico “Olhares” e o concurso literário “Valores de nossa gente”. Você já fez uma foto ou escreveu uma crônica ou um poema para os concursos?
Portanto, se os monlevadenses não prestigiam e não comparecem à maioria dos eventos que aqui são realizados e dizem que Monlevade é uma cidade onde a cultura não acontece, resta-me então perguntar a cada um: - Você tem fome de quê?